sábado, 27 de setembro de 2008

Paul Newman (1925-2008)

Não era português nem consta que soubesse falar a nossa língua. Mas o CLP não pode deixar de lamentar o desaparecimento de um grande actor.
Aqui retratado em "Gata em telhado de zinco quente" (" Cat on hot thin roof", com Elizabeth Taylor), filme baseado na peça homónima de Tennessee Williams.

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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Há olhares que nos marcam - Quem escreve um texto para esta foto?

[Finbarr O'reilly-Reuters]

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

ONU: Voz à língua portuguesa

Este foi o primeiro dia em que a língua portuguesa foi utilizada nas intervenções de abertura e debate da Assembleia Geral das Nações Unidas. Portugal assegurou a tradução simultânea para as seis línguas oficiais da organização. Finalmente!

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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"O meu irmão João" de António Lobo Antunes

Ouvi agora na rádio que António Lobo Antunes recebe as insígnias de Comendador da Ordem das Artes e das Letras francesas, numa cerimónia que se realiza ao fim da tarde na embaixada de França em Lisboa. É a segunda vez hoje que me deparo com o nome de Lobo Antunes e, confesso, não é realmente esta notícia que me leva a falar nele aqui. Li hoje uma crónica deste escritor intitulada "O meu irmão João", editada na revista "Visão" de 11 de Setembro. E, como já aconteceu, fiquei emocionada com a forma como ele, que consegue ser tão duro e ríspido no seu discurso, literário e não só, fala de forma tão genuina, tão bonita e tão comovente do afecto."É talvez a pessoa que conheço melhor no mundo e todavia quase não falamos. Para quê? São desnecessárias as palavras entre nós, passámos mais de vinte anos, acho eu, no mesmo quarto, num silencioso princípio de vasos comunicantes que até hoje se mantém. Para além do muito amor que raramente lhe manifestei tenho uma imensa admiração por ele e um orgulho sem limites. Herdou do nosso pai (herdaste do pai, sim, tem paciência) a honestidade, o carácter, a coragem e o horror à mentira. Desde criança foste sempre valente. Se assim à má fi la me ordenassem que dissesse duas características tuas respondia logo a valentia e o pudor, formas supremas da elegância. E isto desde que te conheço, tu que nasceste vinte meses depois de mim (o número vinte deu-lhe para me perseguir hoje) que era cobarde e despudorado e custou-me tanto ver-me livre dessa ganga nojenta, zangado de vergonha comigo. Foste sempre digno e discreto contigo mesmo e com os outros e bem sei, sem mo teres dito, as difi culdades e as dores que sofreste, a carne viva que escondes e eu vejo, a compaixão que não mostras e eu sinto. E a tua oculta e bondosa generosidade. O rigor também, a falta de complacência para com a ingratidão, a pulhice, os sentimentos rasteiros. Claro que tens defeitos: alguns divertem-me, outros enternecem-me, nenhum me incomoda, talvez por serem os defeitos das tuas qualidades da mesma maneira que um automóvel possui os travões adequados à potência do motor. Se fosse Deus não mudava grande coisa em ti: talvez trocasse um móvel de posição, alterasse uma jarra, substituísse um quadro. Na casa não mexia: agrada-me que seja como é. E depois claro que te foi dada uma inteligência superior e isso não vale a pena mencionar porque no meu caso não me serve de nada, ninguém é tão estúpido como um homem inteligente e muitas das asneiras que fi z conhece-las de ginjeira. Lembras-te da mãe – Tão inteligentes para umas coisas, tão estúpidos para outras mas eu canalizei tudo para a escrita, construí-me para isso e os teus interesses são mais variados que os meus. E no meio disto somos tão ingénuos ambos, sensíveis à lisonja, por vezes completamente parciais, cegos em relação aos amigos, de julgamento turvado quando os afectos se misturam nele. É curioso como, sendo diferentes, temos coisas idênticas. O pai não queria filhos, queria campeões de karaté. Conseguiu-os e o preço disso foi uma parte nossa amputada e uma sede de amor sem limites, em ti cuidadosamente escondida. A gaita é que eu sou desbocado e tu não, vivo nas nuvens e tu só às vezes, porque eu vivo nas nuvens e das nuvens e tu tens de confrontar-te com uma realidade imediata que te dá um peso específico maior que o meu e uma relação necessariamente pragmática com certos aspectos do quotidiano. Estou para aqui a escrever isto e a pensar na educação que recebemos, normativa, implacável, no limite da impiedade e da dureza. Quantas vezes nos revoltámos contra ela e, no entanto, que importante foi. Um pai que competia connosco e, mais tarde, te invejava. É terrível a relação do fi lho com o pai, julgando-se mutuamente numa ferocidade sem doçura. Nunca foi doce. Nem tolerante. Que egoísmo horrível naquele homem. E por baixo disso tudo uma vaidade em nós, ou antes uma vaidade nele dado imaginar (a imaginação não era o seu forte, nem o sentido de humor, nem a criatividade) que nos havia feito peça a peça e não fez. Não nos poupava mas poupava-se a si. Dito desta forma parece que lhe quero mal. Não quero. Só que não me acho em dívida: o preço foi alto. Levou a vida que quis, como quis, e impunha-nos à força a sua vontade. É curioso, João: dá-me pena que tenha morrido. Movia-se por paixões, entusiasmava-se e gostava de nós através das nossas filhas por lhe ser impossível amar-nos abertamente. E contudo, mau grado o que acabo de dizer, não duvido do seu amor e de um orgulho genuíno nos filhos, que fazia os possíveis por disfarçar. Estou a ser injusto, de longe em longe descuidava-se. E apesar do que afi rmo, gaita, era, é o nosso pai. Não esqueço as palavras de Herculano a propósito de Garrett que ele repetiu dúzias de ocasiões ao longo dos anos – Por meia dúzia de moedas o Garrett é capaz de todas as porcarias, menos de uma frase mal escrita ou da ordem de Filipe Segundo ao arquitecto do Escorial – Façamos qualquer coisa que o mundo diga de nós que fomos loucos e como esses dois preceitos se gravaram na gente. Isto foi importante para além do que declarei a teu respeito e herdaste dele de facto: a honestidade, o rigor e a coragem. É bom ser filho de um homem desta têmpera e essas qualidades nasceram contigo. Talvez com outro pai houvesses sido igual, não sei. Capaz de todas as porcarias menos de uma frase mal escrita: para mim foi um tiro na mouche. Em cheio. E estou-lhe grato por isso. Estou-lhe grato também pelos irmãos que foram aparecendo, a chorarem como uns danados até aos dois anos, raios os partam. À mãe igualmente claro, de quem a avó nos dizia – Vocês matam a vossa mãe numa convicção que me confundia. Via-nos a apunhalá-la com a faca do pão, a da serrilha grande, e ela a torcer-se na cozinha. Felizmente sobreviveu à faca e segue viva da costa. Agora, há uma semana, sucedeu aquilo do Pedro e de novo te admirei, mano, a tua efi ciência, a tua capacidade de decisão, o teu valor, a rapidez pragmática do teu afecto, eu que de pragmático, pobre de mim, nada tenho. Quando acabaste de operá-lo apeteceu-me beijar-te. Claro que não beijei mas sabes que beijei: és o meu irmão João. Aquele a quem me une um silencioso princípio de vasos comunicantes. E com que alegria repito isto dentro de mim: o meu irmão João. O meu irmão João para sempre". A.L.A., In

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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Maria Callas (2/Dez.1923- 16/ Set.1977)

Maria Callas (2 de Dezembro de 1923 - 16 de Setembro de 1977), cantora lírica de ascendência grega, é considerada a maior celebridade da Ópera do século XX e a maior soprano de todos os tempos.
http://www.youtube.com/watch?v=AThDejzVRvo http://www.youtube.com/watch?v=A60tQ--67MY

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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Poemas e poetas

A propósito da discussão sobre o "sangue novo na poesia portuguesa”, Ana Salomé (http://cicio.blogspot.com/) verbaliza o que, sentindo-o, gostaríamos de ter dito. Ainda bem que há poetas (jovens ou não)!
"Em vez de nomes era preferível que se lembrassem os poemas. E só depois os nomes. Porque os verdadeiros poemas são aqueles que são escritos pelos verdadeiros poetas, têm um corpo onde outrora ou agora um sangue corre e continuará a correr quando um verdadeiro leitor lhe disser "amo-te, nunca te esquecerei"".

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sábado, 13 de setembro de 2008

"Cuidado com a língua!"

O programa sobre língua portuguesa, "Cuidado com a língua!", vai ser retomado na RTP1, num novo horário: segundas-feiras, às 21.15h . O primeiro episódio desta quarta série é já na próxima segunda-feira, dia 15. Paralelamente, no dia 23 deste mês, vai ser lançado o DVD da primeira série, acompanhado de um livro, editado pela Oficina do Livro.

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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Dia do Diploma

O CLP já começou a trabalhar! Colaborou com o Conselho Executivo na cerimónia de entrega dos diplomas dos alunos que terminaram o 12º ano. Como houve pouco tempo para fazer essa preparação, algumas coisas não saíram como queríamos. Para o ano já temos outros planos e faremos melhor.
Deixo aqui, mais uma vez, o agradecimento aos elementos do CLP que prescindiram dos seus últimos dias de férias para colaborarem com a Escola: Ana Cláudia (a faixa e a música ficaram muito bem!), Bruno (bom trabalho com o power point!), Vera (bom trabalho com as músicas e as fotos! ), Marta (sempre muito bem!) e Maria José (obrigada pelo apoio no último dia!).
Aproveito para desejar as maiores felicidades a todos os alunos e colegas para o ano lectivo que agora se inicia, sobretudo, e perdoem-me os restantes elementos do CLP e alunos pela discriminação positiva, aos elementos do CLP meus alunos do 12º ano ( E e F) neste último ano da caminhada que iniciámos no 10º ano. Trabalho, dedicação, seriedade, rigor e sorrisos partilhados: vamos a isso?

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Página do CLP

Visita a página do CLP, http://www.clubelingua.pt.vu/ , na qual poderás encontrar mais informações sobre as Actividades do Clube, nomeadamente o nosso Anuário.

"Há uma língua que nos une"

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

"Talvez um dia seja bom relembrar este dia" (Virgílio)

"Talvez um dia seja bom relembrar este dia" (Virgílio, Eneida)
"The Falling Man" - título da fotografia tirada por Richard Drew durante os atentados do 11 de setembro de 2001 contra as torres gémeas do WTC. É verdade, como dizia Voltaire, que "o desespero ganha muitas vezes batalhas".

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Nicolau Tolentino (10/09/1741-1811)

Nicolau Tolentino nasceu a 10 de Setembro de 1741 em Lisboa. Estudou em Coimbra e, regressando a Lisboa, torna-se professor de retórica. Ensinou durante quinze anos, conseguindo então um lugar de oficial na Secretaria de Estado dos Negócios do Reino. Foi autor de sonetos, odes, cartas e sátiras, que foram publicados em 1801 no volume Obras Poéticas. Poeta predominantemente satírico cuja obra se situa num período de transição do arcadismo para o pré-romantismo.
Chaves na mão, melena desgrenhada, Batendo o pé na casa, a mãe ordena Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada.
A filha, moça esbelta e aperaltada, Lhe diz coa doce voz que o ar serena: - «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada...»
- «Tu respondes assim? Tu zombas disto? Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,
Arremete-lhe à cara e ao penteado. Eis senão quando (caso nunca visto!) Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!...

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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Prosa Poética (Alberto Serra) - enviada por Catarina Amélia

Hoje escrevo-te em papel timbrado por um chão de ardósia. Entra por esta folha ensina-me a mudar a página dos teus olhos. Diz-me que o meu nome não é um borrão sobre os dias. Não preciso que me vejas basta que me encontres no berço das quimeras. Não necessito que me abraces num solo calcinado de promessas. Basta que leias no olhar enxuto do poema. Se o amor é uma rosa-dos-ventos basta que existas em todas as latitudes.
Alberto Serra in O Aparo do Demónio

Foto de Maria Inês Ferreira

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

"As palavras" (E. de Andrade)- enviado por Catarina Amélia

As Palavras
São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade

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