quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Não fiquem indiferentes...escrevam os vossos comentários, textos...

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Irritação.

Irritei-me hoje. E ontem também. Com os alunos? Não!
Este é um desabafo cuja única fundamentação para aqui figurar é o de querer lançar o debate entre os alunos sobre os problemas da Educação.
Cá fica o desabafo, mesclado de irritação e revolta, que deixei algures num "forum" de discussão (http://interactivo.blogs.sapo.pt/), depois de ler alguns outros comentários:
«Leio os impropérios que são dirigidos aos professores e vejo o desrespeito com que deles todos hoje se acham no direito de falar. E penso nas palavras de Eça:
"Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade. " (Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867)).
Aida Lemos,Professora, e com muito orgulho no trabalho que faz, não obstante a revolta de se sentir como alvo de tentativas de "atestados de menoridade", passados por demasiados políticos e por outros que talvez gostassem de ocupar as cadeiras daqueles. E, sim, Sr. Fernando Santos, "dou-me ao respeito", pelo que não responderei a comentários rancorosos. »

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sábado, 23 de fevereiro de 2008

Fotografia e Escrita

Alguém escreve/ encontra um texto para esta fotografia?

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São palavras...

Não são facas que nos matam,
não são láminas que nos cortam,
são as palavras que me dizes,
as frases gélidas do teu coração empedrenido.
Peço-te palavras que me curem,
dás-me sabres que dilaceram.
Se é morte que esperas, se é dor que desejas,
lembra-te que são as palavras que mais ferem quando as deixamos perdidas pelo chão.
Dá razão às minhas e tuas palavras, não deixes que te matem como me matam a mim.
Não lhes dês a nossa culpa, nós é que não as sabemos usar.
As palavras são pequenos seres inanimados aos quais damos vida, por isto, por nós,
não lhes dês a forma de armas pois elas também querem amar em vez de matar.
Catarina Faria 11ºF

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

"O dia de hoje em duas palavras: Flores e Parabéns!"

"Concurso da Língua Materna"
Flores merecem as vencedoras do Concurso: Adriana Simões, Ana Andrade e Ana Ferreira (3º ciclo); Bárbara Simões, Cátia Campinho e Maria José Vilas Boas ( secundário) - PARABÉNS!
E Flores merecem também:
Os participantes do Concurso - PARABÉNS!
Os membros do CLP que organizaram o Concurso: Ana Cláudia, Ana Isabel, Bruno, Catarina Amélia, Jorge Miguel, Jorge Miranda, Marisa, Marta, Vera - PARABÉNS!
A Professora Elisabete cuja presença e ajuda foram preciosas para todos nós - PARABÉNS!
E Flores merecem igualmente:
CLP Bookcrossing
Os membros do CLP que organizaram o Bookcrossing: Adriana, Bruno, Filipa, Maria José, Sara, Sofia e Susana - PARABÉNS!
Os alunos, professores e funcionários da Escola que "libertaram" livros para o Bookcrossing. - PARABÉNS!
E Flores merecem ainda:
Exposição "Geografia da Língua Portuguesa"
Os alunos do 11ºH que ajudaram na montagem da exposição - PARABÉNS!
A Carla cuja ajuda e disponibilidade foram valiosas na organização de todas as actividades deste dia- PARABÉNS!

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

DIA INTERNACIONAL DA LÍNGUA MATERNA

«Todos os dias faz anos que foram inventadas as palavras. É preciso festejar todos os dias o centenário das palavras»
(Almada Negreiros)
Dia Internacional da Língua Materna, quinta-feira, 21 de Fevereiro
A data foi instituída pela UNESCO com o objectivo de valorizar e dar visibilidade à diversidade linguística e cultural da humanidade e, simultaneamente, promover a sua salvaguarda. Há pelo menos duas abordagens possíveis: a que considera o universo dos falantes lusófonos e a que abarca o conjunto das línguas maternas autóctones da demografia dita lusófona. A primeira é de natureza exclusiva e, consequentemente, mais restrita e pobre, ainda que congregue cerca de 200 milhões falantes; a segunda, porque inclusiva, isto é, porque abarca as mais de duas centenas de línguas autóctones do Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor, é naturalmente mais rica. Será de desperdiçar todo o potencial de enriquecimento que as línguas minoritárias ou menos prestigiadas podem representar para o património cultural comum? A sua inclusão não será importante para o fortalecimento da tolerância e da paz? São questões em que todos os cidadãos falantes devem reflectir.
Para celebrar este dia, o organizou as seguintes actividades:
"Concurso da Língua Materna": eliminatória de manhã, no Auditório; 10.05 para as equipas do 3º ciclo; 10.50 para as do secundário; a Final, para a qual serão apuradas 3 equipas de cada nível de escolaridade, ocorrerá na Biblioteca, pelas 15.05.
Lançamento do CLP Bookcrossing: há três zonas assinaladas na Escola onde poderás encontrar um livro que te interesse, pegar nele e levá-lo contigo para o leres. Não te esqueças de cada livro tem uma etiqueta com os dados e que deverás inscrever-te no site do CLP Bookcrossing e/ou na folha que encontrarás perto dos livros. Não te esqueças também de, quando acabares de ler, devolver o livro, deixando-o numa das três zonas de Bookcrossing para que ele passe para outras mãos. Poderás ir ao site do CLP Bookcrossing ou ao blogue do CLP e deixar um comentário sobre o livro, uma frase de que gostaste, um diálogo a que achaste piada, uma personagem interessante, etc, etc....
Exposição "Geografia da Língua Portuguesa" sobre a língua portuguesa e as suas variantes (local: entrada da Biblioteca).

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

As Facas
Quatro letras nos matam quatro facas
que no corpo me gravam o teu nome.
Quatro facas amor com que me matas
sem que eu mate esta sede e esta fome.
Este amor é de guerra. (De arma branca).
Amando ataco amando contra atacas
este amor é de sangue que não estanca.
Quatro letras nos matam quatro facas.
Armado estou de amor. E desarmado.
Morro assaltando morro se me assaltas
E em cada assalto sou assassinado.
Quatro letras amor com que me matas.
E as facas ferem mais quando me faltas.
Quatro letras nos matam quatro facas.
(Manuel Alegre)
Talvez este não seja o texto mais apropriado à foto, mas foi aquele ao qual a minha mente me reportou de imediato. Uma bela foto, sem dúvida.
Ana Isabel 11ºF

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Dias de chuva. Escrita e Fotografia.

Esta não será a sombrinha encarnada de Maria Monforte que envolveu Pedro da Maia e o levou ao desespero. Contudo, a fotografia (do arquivo da SIC) tem o seu quê de mistério e de trágico.
Alguém faz/ encontra um texto para esta foto?

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Dia Internacional da Língua Materna

O Dia Internacional da Língua Materna celebra-se a 21 de Fevereiro, dia proclamado pela Conferência Geral da UNESCO em Novembro de 1999.
Desde Fevereiro de 2000 que se comemora este Dia Internacional, com o objectivo de promover a diversidade linguística, cultural e o plurilinguismo. São à volta de 6000 as línguas faladas no mundo. No entanto, cerca de metade está em risco de extinção. Felizmente o português não faz parte deste grupo, é a 5ª língua com maior número de falantes (cerca de 230 milhões).
Para assinalar este dia, o CLP planeou as seguintes actividades:
1. Lançamento do CLP Bookcrossing na Escola (com três zonas assinaladas).
2.Concurso sobre "Língua materna".
3. Exposição "Geografia da Língua Portuguesa" (entrada da Biblioteca).
Sobre as duas primeiras actividades estão espalhadas pela Escola as informações necessárias.
Participa!

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domingo, 17 de fevereiro de 2008

"Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!"
Alberto Caeiro
(Enviado por Marta, 11º F)

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José Luís Peixoto

"Peixoto, um dos mais recentes escritores de Portugal e também um dos mais internacionais entra, aos 33 anos, no mercado norte-americano com uma tradução de Richard Zenith, uma autoridade em Fernando Pessoa e tradutor habitual de António Lobo Antunes e José Saramago. [...] Peixoto escolheu viver da profissão de escritor há vários anos, facto raro em Portugal e que serve de pretexto para esta conversa, no momento em que acaba de acrescentar mais dois prémios à sua carreira: o prémio de poesia Daniel Faria (com Gaveta de Papéis, a publicar em Março na Quasi); e o espanhol Cálamo Otra Mirada 2007, recebido esta semana em Espanha (por Cemitério de Pianos)." (Caderno "Actual" do Expresso - entrevista a José Luís Peixoto).
Um escritor a não "perder de vista" :-)
Ficção: Morreste-me (2000); Nenhum Olhar (2000); Uma casa na escuridão(2002); Antídoto(2003); Minto até dizer que minto (2006); Cemitério de pianos (2006); Hoje não (2007). Poesia: A criança em ruínas (2001); Acasa, a escuridão (2002); Gaveta de papéis (2008). Prémios:Prémio "Jovens Criadores" do Instituto Português da Juventude de 1997, 1998 e 2000; Prémio José Saramago, da Fundação Círculo de Leitores, 2001. Prémio Daniel Faria, 2008.

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Escrita e fotografia

Mágicos cansaços... e não resisti a colocar aqui a foto. Alguém faz um texto para ela?

(foto da autoria de Jovino C Batista)

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O dia do CLP

Hoje não foi só o dia dos namorados, foi igualmente dia de grande azáfama no CLP: os grupos que estão a preparar as actividades para celebrar o Dia Internacional da Língua Materna estiveram a trabalhar. Foram etiquetados os livros já libertados para o Bookcrossing (precisamos de mais!); foi feito o cartaz de apresentação do "Concurso de Língua Materna", bem como o regulamento e algumas questões; procuraram-se caixotes para adaptar, foram-se pedir mesas, discutiram-se os prémios a atribuir no concurso, colaram-se etiquetas, deram-se sugestões, etc, etc. Obrigada a todos pelo trabalho e empenho, mas também pelos risos e cumplicidades partilhados. :-)

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Celebrar o Amor e a Poesia

Amo-te; e o teu corpo dobra-se,
no espelho da memória, à luz
frouxa da lâmpada que nos
esconde. Puxo-te para fora
da moldura: o teu rosto branco
abre um sorriso de água, e
cais sobre mim, como o
tronco suave da noite, para
que te abrace até de madrugada,
quando o sono te fecha os olhos
e o espelho, vazio, me obriga
a olhar-te no reflexo do poema.
(Nuno Júdice, Pedro, Lembrando Inês)

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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

"Pedro, lembrando Inês" ou um dos mais belos poemas de amor contemporâneos

(Pormenor de O Beijo, quadro de Gustav Klimt (1862-1918))

"Pedro, lembrando Inês"
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: "Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?" Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fundo do mundo que me deste.
Pedro, Lembrando Inês de Nuno Júdice (Pub.Dom Quixote, p.42)

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Reunião do CLP

Os membros do CLP (e todos os que se queiram inscrever no Clube!) estão convidados para a reunião de amanhã, dia 14, que ocorrerá pelas 14h, na sala do CLP. Apareçam!

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Bookcrossing CLP

Lançamento dia 21 de Fevereiro!

Liberta um livro!

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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A Embaixada de Portugal no Brasil a comemorar António Vieira

No Coração do Brasil - Um Diário de Viagem pelo Brasil do Padre António Vieira, escrito por Inês Pedrosa e ilustrado por João Queiroz.

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Padre António Vieira, outra vez

Vieira: a grandeza de um imperador ( por Fernando Cristóvão, professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, coordenador do Dicionário Temático da Lusofonia.
Foi outro grande dignitário da Língua Portuguesa, Fernando Pessoa, que apelidou o Padre António Vieira de "Imperador da Língua Portuguesa", com a dupla autoridade que lhe assistia: a de um dos maiores cultores da nossa língua, e a de uma cosmovisão multiforme, tanto da condição humana, como da cultura portuguesa. Com efeito, poucos portugueses se impuseram, nacional e internacionalmente, à memória das nações, pois não cabem nessa galeria de génios só os grandes navegadores e políticos, mas também os religiosos, os homens de Letras, das Ciências e das Artes. E Vieira é um deles, nos dois grandes cenários que definem os clássicos: o da vida e o da memória que deles se conserva. Dotado de um temperamento aguerrido, apaixonado, apesar de saúde frágil, pôs todas as suas forças ao serviço da fé e do duplo império que queria construir: o da Realeza e o da Fé Católica-Quinta Monarquia da História do Mundo. Pregador eminente na defesa dos escravos Por isso, concitou não poucos inimigos, desde os colonos esclavagistas, a pregadores de outras Ordens, a políticos, à Inquisição que não desistia de o perseguir, chegando a processá-lo, metê-lo na prisão e até o proibir de pregar. A tudo resistiu o intrépido jesuíta, que foi missionário, diplomata e político ao serviço da Nação restaurada, pregador eminente, cultor da língua e da cultura portuguesas, nos seus mais altos níveis. Como missionário, foi-o, primeiro na Bahia, dedicando-se especialmente a defender os escravos dos excessos dos senhores, a combater a própria ideia da escravização. Depois, no Maranhão, sendo aqui o combate mais radical, pois ao contrário do que sucedia com os negros que, em grande parte já vinham escravos de África, não era essa a situação dos índios, importando obstar, a todo o custo, que lhes fosse criado o mesmo estatuto. Por isso conheceu o ódio e as perseguições dos colonos, que atentaram contra a sua vida e o expulsaram do Maranhão. Como diplomata e político fez-se embaixador para defender a restauração portuguesa e D. João IV, de 1642 a 1652,j unto das cortes de França, Holanda, Itália, especialmente em Roma. Não foi alheio à diplomacia da guerra, do comércio, das alianças, advogando o regresso a Portugal dos judeus expulsos, emitindo pareceres, viajando incansavelmente. De eloquência arrebatadora Vivia sobriamente, recusando honrarias e missões dispensáveis, como o ser embaixador em Haia ou aceitar a mitra episcopal que lhe foi proposta. Como pregador, agigantou-se por uma eloquência arrebatadora que conhecia os segredos da língua e da eloquência, de sólidos fundamentos teológicos, bíblicos e retóricos, abusando, não poucas vezes, do processo encantatório dos malabarismos barrocos, ao manipular os vários sentidos bíblicos, as alegorias, comparações, metáforas e os exempla da antiguidade clássica, multiplicando os silogismos, as antíteses, os paradoxos, as hipérboles, as apóstrofes, em suma, misturando, estrategicamente, o docere com o delectare, sobretudo quando um sopro de utopia era usado para arrebatar ou amedrontar os ouvintes. Tal foi o seu êxito que se tornou o pregador da capela real, da elite de Roma, sobretudo na Igreja de Santo António, pregador da rainha Cristina da Suécia, sendo o seu prestígio tal que, em Roma, foram ouvir o seu sermão do Carnaval de 1673, 19 cardeais. Homem contraditório, tanto se ocupava das mais variadas questões terrenas, das mais elevadas meditações teológicas, como das mais ousadas utopias do Quinto Império, em obras como a História do Futuro e a Clavis Prophetarum, dando crédito às profecias de Bandarra, às interpretações escatológicas ligadas à passagem dos cometas que afirmava augurarem calamidades públicas. Como expressão desta multifacetada actividade e pensamento, deixou para a posteridade uma vasta obra escrita de sermões e cartas. A todos se dirigiu: aos poderosos, aos mais humildes, repreendendo, ameaçando, satirizando, tanto em Portugal como no Brasil e em diversos países europeus. Emérito cultor da língua Com os seus escritos, a língua portuguesa tornou-se mais dúctil e plástica, e a nossa cultura, sobretudo na sua expressão literária, ganhou dimensões de universalidade. E tão cuidadoso foi que, no fim da vida, retocou e aprimorou os seus sermões, consciente também da sua missão de escritor. Sermões estes que também pela forma se impõem, pois se modelaram pelos bons preceitos de Cícero e Quintiliano: depois da captatio benevolentiae dos ouvintes no exordium, dispunha-os para a matéria do sermão, ordenando-o depois segundo as boas regras da inventio (escolha da matéria adequada), da dispositio (ordenação de ideias, pensamentos), da elocutio (arte e escolha das palavras), seguindo-se a realização artística, pelo que, em três partes se estrutura, na prática, essa execução: o exórdio, a narração-argumentação e a peroração, recapitulando ou reforçando as ideias. Dessa riqueza basta lembrar alguns momentos que são referências inesquecíveis: Os sermões do Rosário às confrarias de escravos, sobre Nossa Senhora Rosa Mística, do Advento, da Quaresma, de Santo António aos peixes… Alguns exemplos emblemáticos Pelo grande impacte obtido, limitamo-nos a alguns exemplos mais emblemáticos: No Sermão pelo bom sucesso das armas portuguesas, pregado na Bahia em 1640, usando para Deus o argumento ad absurdum: «Entregai aos holandeses o Brasil, entregai-lhe as Índias, entregai-lhe as Hespanhas (que não são menos perigosas as consequências do Brasil perdido), entregai-lhe quanto temos e possuímos (como já lhe entregastes tanta parte); ponde em suas mãos o mundo; e a nós, aos portugueses e hespanhóis, deixai-nos, repudiai-nos, derfazei-nos, acabai-nos. Mas só digo e lembro a Vossa Majestade, Senhor, que estes mesmos que agora desfavoreceis e lançaes de Vós, pode ser que os queirais algum dia, e que os não tenhais». Do 27.º Sermão do Rosário, pregado numa confraria de escravos: «Nas outras terras, do que aram os homens e do que fiam e tecem as mulheres, se fazem os comércios: naquela, o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende e se compra. Oh trato deshumano, em que a mercancia são homens! Oh mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias(…) Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como Deuses». E que dizer de sátiras humorísticas como no Sermão de Quaresma pregado como censura aos habitantes do Maranhão pelas falsidades a que recorreram? Imagina o pregador que, quando o diabo, condenado, caíu do céu, feito em bocados, «estes pedaços se espalharam em diversas províncias da Europa, onde ficaram os vícios que nelas reinam. Dizem que a cabeça do diabo caíu em Espanha, e que por isso somos fumosos, altivos e com arrogância graves (…) o peito caiu em Itália (…) o ventre caiu na Alemanha (…) os pés caíram em França (…) os braços, com as mãos e unhas crescidas, um caíu em Holanda e outro em Argel (…). E suposto que à Hespanha lhe coube a cabeça, cuido eu que a parte dela que nos toca ao nosso Portugal, é a língua (…). E se as letras deste abecedário se repartissem pelos estados de Portugal; que letra caberia ao nosso Maranhão? Não há dúvida, que o M Maranhão M murmurar, M motejar, M malsinar, M maldizer, M mexericar, e, sobretudo M mentir.» Não acabaríamos se quiséssemos inventariar verdadeiras jóias lapidadas como as descrições-definições da guerra, do estatuário, do polvo, do "non"…

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CLP - Bookcrossing

Para comemorar o dia Internacional da Língua Materna, no dia 21 de Fevereiro, o Clube da Língua Portuguesa (CLP) lança a toda a comunidade educativa o desafio de entrar na aventura do Bookcrossing na Escola: O CLP - Bookcrossing O que é o Bookcrossing? O Bookcrossing é o acto de deixar livros num espaço público (neste caso, apenas dentro do recinto escolar), para que possam ser encontrados por outros, que irão continuar a cadeia. Como funciona? Depois de registados os livros junto dos elementos do CLP (pode, se preferir, deixá-los com a Carla da Biblioteca), eles ficarão com uma etiqueta com informações esperar que sejam encontrados por um novo leitor, que percorre o seu caminho para o site e deles dá notícias. É obrigatório registar-me no Bookcrossing? Se encontrares um livro e quiseres lê-lo deverás fazer o teu registo no CLP ou na Biblioteca. Se quiseres libertar um livro, deverás também fazer o registo. Posso ficar com o livro para mim? Os livros que irão circular pertencem ao CLP e àqueles que os quiserem libertar. Ora, sabemos que não devemos danificar ou ficar com coisas que não nos pertencem!! Onde posso encontrar os livros? Serão criadas “Zonas de CLP – Bookcrossing” assinaladas com cartaz no recinto escolar: Polivalente; Pavilhão gimnodesportivo; Bloco A . O que quer dizer “libertar um livro”? Como fazê-lo? Significa colocá-lo no “roteiro” do CLP – Bookcrossing. Tens um livro que já leste ou tens duas edições do mesmo livro e queres oferecê-lo a outros para que eles também o possam ler? Liberta-o! Para tal, deverás registar esse livro no CLP ou na Biblioteca e depois deixá-lo numa das zonas de Bookcrossing da Escola.

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Relembrando Vieira e não só, o romance de Inês Pedrosa

A Eternidade e o Desejo, de Inês Pedrosa

Há dois fascínios neste romance que também acaba por ser mais qualquer coisa (perto do ensaio), e uma questão pertinente. Comecemos pelos fascínios: Padre António Vieira, com extractos dos seus sermões (em textos a negro) “entremeados” na ficção, e o Brasil, país que é hoje uma segunda casa para a autora. A questão é a seguinte: no decurso de uma viagem turística (e cultural) em que somos diariamente bombardeados por uma grande quantidade de informação, o que conseguimos absorver? Inês Pedrosa, ao viajar com o Centro Nacional de Cultura pelos locais do Brasil por onde andou o Padre António Vieira, pensava: e se eu fosse cega, de tudo isto, o que ficava? Assim, a sua heroína (narradora) não vê, na sequência de um acidente no Brasil, motivado por uma paixão que perseguiu. Decide lá voltar, na companhia de um amigo (também narrador), para revisitar e compreender Vieira em terras do Maranhão. “A Eternidade e o desejo são duas coisas tão parecidas, que ambas se retratam com a mesma figura”, disse Vieira. A sensualidade e o erotismo à flor da pele num país que se alimenta de emoções, mistérios, superstições e relações calorosas, bem como na extraordinária palavra de um homem/padre que, no século XXI, mantém toda a actualidade. (Máxima)

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Padre António Vieira nasceu há 400 anos

Mestre da língua portuguesa António Vieira nasceu em Lisboa de uma família modesta de servidores do Paço. Entre os seus ascendentes contava-se uma avó mulata, provavelmente filha de uma escrava negra trazida para a metrópole. Jesuíta, pregador, missionário, homem de Estado, clássico vigoroso e dúctil da língua portuguesa, nele se fundem o idealismo utópico, sebastianista, e o homem de acção, tanto no domínio social como político.Paladino de alguns direitos humanos (não tanto para as mulheres...), lutou por um Portugal independente, aquém e além-mar na época da Restauração. Nele acentuam-se facetas do Barroco, como o jogo, a ironia, o culto do paradoxo, a extravagância e a espiritualidade, bem como era sua uma mentalidade de feição escolástica e messiânica.Se, para Marcel Bataillon, "Vieira era quixotesco", o jesuíta não tem apenas um lugar proeminente na literatura, mas na vida portuguesa do séc. XVII, tanto na metrópole como no Brasil. Talvez a sua ascendência tenha sido vital no futuro missionário que conhecia a língua geral dos índios. Foi aliás, no colégio da Baía que adquiriu uma formação de latinista, bem como aguçou a destreza dialéctica que o tornam único no seu tempo. Ordenado sacerdote em Dezembro de 1634, depressa se tornou num pregador teatral, acutilante e desassombrado, impetuoso.De D. João IV e D. Luísa de Gusmão recebeu a admiração e a S. Roque acolhia um público só para o ouvir. Nos sermões de Vieira, as teses defendidas eram, umas vezes, teológicas, outras morais e políticas. António Sérgio considerou-o um clássico pela expressão, transparente, liberta da moda cultista: "Se gostas da afecção e da pompa das palavras e do estilo que chamam culto, não me leias" - adverte o orador, explicando que sempre lhe valeu a clareza e que só por ser entendido era ouvido. Defendia, portanto, uma estética da simplicidade, contra os "requintes gongóricos", e a refutação de elementos contrários no desenvolvimento da argumentação, após o que exigia o tirar uma conclusão. Era um homem do poder estético, do movimento dialéctico, da música da palavra, concisa ou densa, não alheada da perspectivação de ideias, movimentada, plástica, valores, afinal, de uma época cultivadora de jogos de imagens quando era perigosa a reflexão. Gostava de ser admirado, havendo quem o acusasse de querer "pasmar" em vez de converter". Quanto ao púlpito, refere Hernâni Cidade, era a válvula de escape do comentário político."Padre António Vieira, independentemente da abundância de uma personalidade invulgar e do vasto raio da sua acção , deve ser lembrado como um dos grandes mestres da língua portuguesa- A.M.G. (Diário de Notícias)

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Dia Internacional da Língua Materna

Dia Internacional da Língua Materna

Celebra-se a 21 de Fevereiro o Dia Internacional da Língua Materna, o qual foi proclamado pela Conferência Geral da UNESCO em Novembro de 1999. Desde Fevereiro de 2000 que se comemora este Dia Internacional, com o objectivo de promover a diversidade linguística , cultural e o plurilinguismo. São à volta de 6000 as línguas faladas no mundo. No entanto, cerca de metade está em risco de extinção. Felizmente o português não faz parte deste grupo, é a 5ª língua com maior número de falantes (cerca de 230 milhões).
Para assinalar este dia, o CLP planeou as seguintes actividades:
1. Lançamento do CLP Bookcrossing na Escola.
2. Exposição sobre as Variantes do Português.
3. Concurso sobre "Línguas maternas".
Brevemente daremos mais novidades!

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Procura a Maravilha

Autor da foto: Pedro Moreira

Procura a maravilha.
Onde um beijo sabe a barcos e bruma. No brilho redondo e jovem dos joelhos. Na noite inclinada de melancolia. Procura.
Procura a maravilha. (Eugénio de Andrade)

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Professores

Dois excertos da crónica de Inês Pedrosa na "Única" desta semana. Aguardam-se comentários!
"Os Portugueses confiam, acima de tudo, nos professores. E querem dar-lhes mais poder. A revelação surge numa sondagem feita pelo Instituto Gallup para o Fórum Económico Mundial - que aponta «os políticos» como os seres menos confiáveis. É natural. O ar do tempo está saturado de corrupção - da ilegítima, tradicional, e da legítima, pós-moderna. (...)
Pelo menos, os portugueses sabem que é na qualidade da Educação que se encontra a chave do desenvolvimento do país. E que não há computador que compense a falta de um bom professor".
(Foto: Autor: Jmac)

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domingo, 3 de fevereiro de 2008

Carnaval a lembrar a língua portuguesa

A mais bela maneira de expressar
"Quem sou eu?
Tenho a mais bela maneira de expressar
Sou mangueira... uma poesia singular
Fui ao Lácio e nos meus versos canto à última flor
Que espalhou por vários continentes
Um manancial de amor.
Caravelas ao mar partiram
Por destino encontraram o Brasil...
Nos trazendo a maior riqueza
A nossa língua portuguesa
Se misturou com tupi tupinambrasileirou
Mais tarde o canto do negro ecoou
Assim a língua se modificou."
(Excerto da letra da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, 2.º lugar no desfile do Rio de Janeiro - Carnaval 2007)
(Retirado do sítio Ciberdúvidas)

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